Nos corredores da Câmara Federal já correm os boatos de um bolão onde os deputados disputam o palpite premiado sobre qual seria o primeiro ministro ou ministra a cair no novo governo Lula. Forte candidata, tendo aparecido em vários palpites, seria a ministra do turismo, Daniela do Waguinho.
A atuação política de Daniela Carneiro é fruto de um dos mais comuns resultados da política machista, misógina e patriarcal brasileira. Entrou para a política com o apoio de seu marido, o prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro.
A ministra é uma das figuras mais conhecidas de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Elegeu-se pela primeira vez em 2018, como a deputada federal pelo Rio de Janeiro, com o apoio do seu marido, prefeito do município. O político tradicional já havia sido vereador e deputado estadual por dois mandatos. Em 2022, Daniela se tornou a deputada mais votada do estado com mais de 213 mil votos.
Pesam contra a ministra as acusações de que estariam nomeados integrantes de milícias organizadas na prefeitura comandada pelo marido. Além disso, contam em seu desfavor registros de imagens de campanha que mostram réus de processos criminais, acusados de chefiarem milícias armadas.
Segundo a juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 1ª Vara Criminal de Belford Roxo, ao decretar a prisão de "Fabinho Varandão", "imagens de câmera de segurança revelam que Fabinho Varandão impõe o terror no município, pois circula armado na região e conta com proteção de seguranças".
Indicada pelo União Brasil, a ministra tem sido defendida por aqueles que alegam ser um evento de campanha muito amplo. Afirmam, nesse sentido, que diversos apoiadores podem fazer fotografias ao seu lado. É possível notar, no entanto, que "Fabinho" aparece em cima do palco, com o microfone na mão. Para qualquer um que tenha realizado ou presenciado um evento político de campanha, é fácil saber que discursou como uma liderança, em apoio e "pedindo" votos.
Por quanto tempo a ministra irá resistir no cargo, não podemos assegurar. De toda forma, aqui vale a máxima atribuída ao imperador romano Júlio Cesár: "A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta". Ao governo Lula, um conselho: Diante de um país ainda dividido, é preciso não só ter boas intenções, mas colocá-las à prova.
Ainda é possível, presidente Lula, aproveitar a lua de mel e catar os cacos espelhados por uma indicação desastrosa, mal feita, mal recebida e mal analisada. A exoneração da ministra não é uma opção, mas uma imposição à quem quer, além de ser, parecer ser.
Gustavo Dias
Mestre em Comunicação Social e Bacharel em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Pesquisador do Grupo de Imagem e Sociabilidade da UFMG. Escreve sobre política, suas estratégias e comunicação.
Comments