Todo político bem experimentado sabe que os primeiros dias de governo exigem moderação. Menos mídia e mais trabalho é, quase sempre, a receita do sucesso. Pelo menos um sucesso momentâneo.
O presidente Lula, com 37 ministérios novos ministérios e diversos desafios para unificar um país dividido ao meio parece saber bem disso. Na primeira semana de governo, convocou os seus comandados e disse em alto e bom som que precisam unificar e institucionalizar a comunicação.
Uma residente da Praça dos Três Poderes, no entanto, aparentemente sedenta por afirmação e holofotes resolveu inovar. Janja Lula da Silva convocou a repórter política Natuza Nery para um tour nas dependências do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da república pelos próximos quatro anos.
Com o pretexto de mostrar as condições nas quais foram deixados móveis, cômodos, pisos e obras de arte, a primeira dama caminha por toda extensão do palácio queixando-se da falta de manutenção por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em uma verdadeira demonstração de péssima construção de narrativa, com direito a todos os holofotes atraídos sem nenhuma necessidade, Janja parece discorrer sobre os problemas sem o acompanhamento (pelo menos à vista) de quaisquer assessores.
Em sua primeira semana de governo, o presidente Lula precisaria de diversos favores. Nem de longe, um deles seria o retrato da primeira dama como uma rainha palaciana, que exige as condições perfeitas e uma reforma em sua nova residência para sentir-se mais confortável.
Sem perder tempo, internautas já anteciparam a conclusão. O vereador Thomaz Henrique registrou em seu twitter:
Conhecido por ter honrado a plataforma do partido Novo e suas promessas de campanha, o governador de Minas, Romeu Zema abandonou o Palácio das Mangabeiras, o transformou em museu e mora em uma casa alugada.
O comentarista da Tv Jovem Pan News, Jorge Serrão cravou:
Se este empurrãozinho dado por Janja aos possíveis adversários de Lula em 2026 será um problema, ainda não podemos afirmar, mas algumas coisas são certas: A entrevista foi desnecessária, os holofotes foram resultado de sua vaidade e a falta de um estrategista de comunicação faz muito mal.
Gustavo Dias
Mestre em Comunicação Social e Bacharel em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Pesquisador do Grupo de Imagem e Sociabilidade da UFMG. Escreve sobre política, suas estratégias e comunicação.
Comments